Documentário sobre o Colesterol – Heart of the Matter

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“O colesterol é a molécula orgânica mais comum no cérebro, está em todas as membranas celulares e é o percursor de muitas das hormonas do nosso corpo, (…) pensar que se pode diminui-la radicalmente e não ter consequências é ridículo…”.

Dr. Jonh Abramson, Harvard Medical School – Public School of Health

Hoje venho partilhar mais um excelente documentário que vem desmistificar a teoria que o colesterol é o inimigo a abater na nossa saúde. Sim, felizmente não passa de uma teoria que já tinha falado aqui e aqui.

Esta história do colesterol, da ingestão de gorduras e da sua associação com as doenças cardiovasculares deve ter sido um dos maiores fiascos da história da Medicina. O que é mais grave nisto tudo é que o estudo que deu início a esta confusão (Seven Countries Study) foi manipulado para servir eventuais interesses pessoais (do Dr. Ancel Keys) e, paradoxalmente, tem sido com base neste estudo que as principais organizações de saúde e respetivos profissionais que fazem parte do sistema, têm feito as suas recomendações nutricionais.

(Nota: Para quem quiser saber como tudo começou e as verdadeiras evidências, recomendo que leiam a série de artigos sobre o colesterol que o Dr. José Carlos Souto partilhou no seu blog Dieta Low Carb e Paleolítica).

Além de ter sido manipulado, estamos a falar de um estudo epidemiológico. Os estudos epidemiológicos têm como finalidade estabelecer uma correlação entre variáveis, mas correlação / associação não significa necessariamente causa. Segundo a Classificação do Oxford Centre for Evidence-based Medicine, este nível de evidência científica é muito fraco,  quanto muito este tipo de estudos poderá servir de base para um estudo de intervenção, mas nunca para chegar a conclusões.

Por aquilo que tenho percebido, os próprios médicos e profissionais de saúde ainda não estão devidamente informados sobre os verdadeiros agentes causadores de doença cardíaca e ainda olham para o colesterol como se fosse o elemento mais importante neste processo.

Antes de passar para o documentário propriamente dito, queria destacar ainda que a jornalista que conduz o documentário, Maryanne Demasi (PhD em Medicina), colocou também a Associação Australiana do Coração em cheque, quando pediu que os mesmos facultassem as evidências que dão suporte às atuais recomendações nutricionais e eles não conseguiram.

Parte 1 – Como surgiu o mito do colesterol e da gordura saturada.

Parte 2 – Sobre as estatinas (os medicamentos mais lucrativos da indústria).

Se acha que este tipo de informação pode ser útil para alguém da sua família ou para algum amigo ou conhecido, partilhe estes vídeos com eles.

Até breve e continue a fazer exercício físico pela sua saúde!

Statin Nation – Documentário sobre o Colesterol

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Há dias publiquei no Facebook, os dados de um estudo a demonstrar que as estatinas (o grupo de medicamentos normalmente prescritos para baixar o colesterol) prejudicam as adaptações ao treino e pioram alguns marcadores de saúde. Neste estudo em particular verificou-se uma diminuição da capacidade cardiorrespiratória e da função mitocondrial. Nada de novo para quem anda atento a estas coisas.

Sabemos que isso acontece porque a toma de estatinas depleta as reservas da Coenzima Q10, um composto naturalmente produzido pelo corpo e essencial para a produção de ATP nas mitocôndrias, as fábricas de produção de energia nas nossas células. Portanto, este é um dos motivos pelos quais as pessoas que tomam estatinas sentem-se mais cansadas, com mais dores musculares e com menos energia para realizar as suas tarefas diárias.

Depois de perceber estas coisas e de saber que já não estamos no âmbito da hipótese (felizmente já há muita evidência a suportar os efeitos secundários das estatinas), acho ridículo ver ainda anúncios na televisão a sugerir que é melhor comer margarina para baixar o colesterol, ou seja, uma gordura trans com uma estrutura rígida que tem o efeito precisamente oposto – aumentar o colesterol e o risco de doença cardíaca (pode conferir alguns estudos aqui e aqui por exemplo). De certeza que já viu aquele anúncio da Becel a recomendar a margarina, como a melhor opção para baixar o colesterol e para proteger o seu coração.

Partindo deste pequeno enquadramento, achei pertinente partilhar um excerto de 13 minutos deste documentário sobre as estatinas (o documentário completo deixou de estar disponível de forma gratuita), os medicamentos mais lucrativos do planeta e para perceber como é que nós fomos completamente enganados quando se sugeriu que o problema na nossa alimentação para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares era a gordura saturada, dando início à disseminação de alimentos low-fat.

Vale a pena ver.

Até breve!

O Grande Mito do Colesterol

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A arte da medicina consiste em divertir o paciente enquanto a natureza cura a doença.”

Voltaire

Nota prévia

Há dias fui fazer umas análises de rotina e o meu colesterol total estava a 287 mg/dL. Isto signfica que, segundo a American Heart Association, estou num nível não desejável e em alto risco de desenvolver doença cardíaca. Segundo esta organização de saúde, o colesterol ideal deve situar-se abaixo dos 200 mg/dL. Felizmente, não me receitaram nenhuma medicação para baixar o colesterol, disseram-me apenas para fazer algumas mudanças no meu estilo de vida, nomeadamente no que diz respeito à alimentação, porque perceberam que fazia exercício físico com alguma regularidade.

Admito que achei alguma piada em relação às recomendações que me fizeram, mas também não estava à espera de outra coisa, tendo em conta o meio onde estava. Por outro lado, continuo a ficar desapontado com estas idas ao médico porque fico sempre com a sensação que falta explicar qualquer coisa e que, no final, temos que ser nós a tomar conta de nós próprios e a fazer a investigação.

No nosso mundo moderno, o colesterol tem sido tratado como um vilão graças aos promotores da hipótese dieta-coração, ou seja, de que a ingestão de gorduras saturadas e de colesterol produz placas, estreitamento das artérias coronárias e, eventualmente, enfarte do miocárdio.

Muitas pessoas andam a tomar a pastilha para baixar o colesterol (vulgo estatinas) porque pensam que desta forma vão prevenir ataques cardíacos e viver com mais saúde. No entanto, não é isso que tem acontecido e as taxas de mortalidade não têm diminuído. Não é ter o colesterol baixo que faz bem à saúde!

O estudo de Framingham, o estudo de maior duração e talvez o mais signficativo efetuado até à data, demonstrou que a ingestão de colesterol na dieta não tem qualquer correlação com doença cardíaca. O nosso corpo tem a capacidade de produzir mais ou menos colesterol em função daquele que ingerimos e o colesterol da dieta tem muito pouco efeito no aumento do colesterol no nosso corpo (se calhar já ouviu dizer que era preciso comer menos ovos por causa da gema, que é, por acaso, a parte mais nutritiva do ovo). Lembre-se disto: a causa do colesterol elevado não é o colesterol que ingerimos, nem as gorduras saturadas.

O colesterol é uma das substâncias mais importantes do nosso corpo e a verdade é que as nossas células e os nossos orgãos precisam dele para podermos viver. Inibir a enzima que está envolvida no processo de formação do colesterol (HMG-COa reductase) – que é o que acontece quando se tomam as tais estatinas – pode trazer consequências desastrosas no longo prazo, como vamos ver em seguida.

O vídeo

O vídeo que partilho hoje convosco é um excerto do programa do famoso Dr. Oz, que vem pôr em causa tudo aquilo que as pessoas sabem sobre o colesterol. Os convidados do programa são os autores do recente livro The Great Cholesterol Myth, o Dr. Stephen Sinatra, médico cardiologista e o Dr. Jonny Bowden, nutricionista e investigador.

Apesar de ainda não ter lido o livro, sou um seguidor atento do trabalho de um dos autores e tenho a certeza que esta é uma excelente compra para aqueles que querem saber mais sobre este assunto e tirar todas as dúvidas.

Não sou um grande fã do formato deste programa mas acho que é importante divulgar a informação aqui contida. Por exemplo, a parte em que eles brindam com o hamburger (1min40) era totalmente desnecessária mas tendo em conta que o programa é originário dos EUA, torna-se mais fácil perceber porquê.

Os mitos do colesterol

Mito nº 1 – O colesterol causa enfartes do miocárdio.

Mito nº 2 – As estatinas (grupo de fármacos utilizados para diminuir o colesterol) são seguras e vão prolongar a sua vida.

As notas mais importantes

1) Metade das pessoas com colesterol normal têm doença cardíaca e metade das pessoas com colesterol elevado têm corações normais.

2) O colesterol é um componente vital nas nossas vidas e precisamos dele para a produção de hormonas, vitamina D, função celular, função cognitiva, pele e para nos proteger de infeções no intestino, pulmões e de acidentes vasculares cerebrais.

3) De acordo com alguns estudos na Europa, quanto mais alto o colesterol, mais tempo vamos viver. No estudo de Framingham as pessoas com o colesterol mais elevado viveram mais tempo. (Nota do Pedro: Boas notícias para mim!)

4) Foi-nos dito há várias décadas atrás que o colesterol na comida elevava o colesterol no nosso corpo mas isto foi baseado em investigações mal efetuadas nos anos 60 e 70, esses estudos não podiam ser publicados hoje.  Aliás, esses estudos demonstraram que o colesterol é um mau predictor de doença cardíaca.

5) A verdadeira causa da doença cardíaca é a inflamação, é esta que forma a placa nas artérias e normalmente está associada ao excesso de peso, ao que comemos e ao açúcar. O açúcar é que é o verdadeiro inimigo, o vilão!

6) As estatinas são drogas anti-inflamatórias e baixam o colesterol mas o colesterol não é a verdadeira causa de doença cardíaca e têm muitos efeitos secundários. As estatinas podem ter alguma utilidade para homens de meia idade com doença coronária (de preferência aqueles com colesterol HDL baixo). Para as mulheres e crianças, estas drogas não têm nenhuma utilidade.

7) Alguns efeitos secundários das estatinas são: diabetes, cancro, perda de memória, calcificação nas artérias coronárias, disfunção sexual, dores musculares, fadiga, problemas no fígado. Nós não ouvimos falar disto porque esses casos não são reportados como deveriam.

8) O estudo Women’s Health Initiative mostrou que as mulheres pós menopausa que tomaram estatinas, tiveram uma incidência de 48% de diabetes; no Jupiter Study, em mulheres mais novas, houve uma incidência de 13%. As mulheres precisam de ter cuidado com isto, já que estas drogas podem predispôr as mesmas para o cancro também.

9) A ideia é, portanto, baixar a inflamação crónica para manter o coração saudável, não é baixar o colesterol para manter o coração saudável. Como se pode fazer isso? Através da comida, da redução do stress, do exercício físico e de vários suplementos anti-inflamatórios como por exemplo o óleo de peixe e a vitamina D (apanhar sol de vez em quando é boa ideia).

10) É importante fazer o teste de partícula do colesterol LDL. Nem todo o LDL é mau. Temos o LDL A, que é composto por partículas grandes e flutuantes e temos o LDL B, que é composto por partículas pequenas e densas. O LDL A é completamente inofensivo enquanto que o LDL B é especialmente perigoso porque é aquele que se cola à parede das artérias causando inflamação, placa e o desenvolvimento de doença cardíaca. Até já tinha falado sobre isso aqui.

11) O problema na sua dieta é o açúcar, não é a gordura saturada.

Conclusão

Baixar o colesterol por si só não é a solução para viver com mais saúde e prevenir doenças cardíacas. Como vimos existem outros factores bem mais importantes que este, como por exemplo controlar os nossos níveis de inflamação crónica, através da redução de açúcar e alimentos processados, ingestão de água, realização de exercício físico, redução do stress, suplementação e descanso adequados.

Aguardo os vossos comentários.

Até breve!